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Lucas SImões

Mijaín Lopez surge para muitos dos que não têm qualquer vínculo com o mundo das lutas greco-romanas como um nome qualquer. Sem contar com um terço do aparato midiático de figuras lendárias do esporte mundial, como Michael Phelps, Usain Bolt e Simone Biles, o cubano de 33 anos sagrou-se tricampeão na categoria até 130kg, ao derrotar seu maior rival, o turco Riza Kayaalp – atual campeão mundial. Com a vitória, o lutador igualou o feito de Aleksander Karelin, esportista russo e até então único atleta a alcançar tal marca na modalidade.

 

O caminho de ambos lutadores até a final pareceu se desenhar sem grandes sustos, não concedendo nenhum ponto nas eliminatórias para nenhum de seus oponentes. Se ao longo das lutas Riza Kayaalp pareceu mostrar-se mais desenvolto, derrotando dois adversários por encostamento (quando o atleta consegue encostar e manter as costas do outro lutador no tapete), Mijaín Lopez optou por pressionar seus oponentes, levando a luta para o chão. Na grande final, o lutador cubano abriu uma vantagem de 4 a 0, logo no início, pressionando seu oponente turco, que ainda cometeria mais uma infração, encerrando o primeiro round em 5 pontos para Mijaín Lopez. No segundo tempo da luta, Riza Kayaalp ainda seria advertido mais uma vez, fechando o placar em 6 a 0. Faltando ainda alguns segundos para o fim, o futuro campeão olímpico ainda arriscou uma dança dentro da própria área da luta, levando a torcida ao delírio.

 

López e Kayaalp já haviam se enfrentado quatro vezes antes da Rio 2016, com duas vitórias para cada atleta, mas quis o destino que o desempate entre dois dos maiores lutadores em atividade acontecesse no Rio de Janeiro. Com o a vitória de Mijaín, o esportista cubano entrou para uma seleta lista de atletas olímpicos, porém, sem atrair tantos holofotes como alguns de seus companheiros presentes nesse grupo.

Um curioso fato sobre a grande final olímpica e que acabou por passar despercebido dentre o público presente era a rivalidade política presente no ringue. Se nos últimos meses presenciamos o acirramento da rivalidade política no Brasil, petralhas e coxinhas – sem nem saber o que se passava – parecem ter se unido para torcer pelo carismático lutador cubano, declaradamente defensor do regime socialista da ilha caribenha, em oposição a Riza Kayaalp, ultranacionalista, apoiador e amigo do presidente Recep Tayyip Erdogan, já tendo sido suspenso por polêmicas declarações xenófobas.

Diante do fim da luta, chamou a atenção a cordialidade do atleta cubano com todos presentes na Arena, incluindo fotógrafos, voluntários, juízes e público, conquistando de vez a simpatia dos espectadores.

 

- Aqui no Brasil, todos "bailam"; muito, então tenho que "bailar" também - disse o tri campeão olímpico referindo-se a sua dançante comemoração.

 

Então siga Bailando, Mijaín.
Baila comigo, na tribo, na chuva ou numa casinha de sapê
Baile por Buena Vista
Pelos Orishas
Por Padura
Ou por Celia Cruz.
Baile contra a tirania
Ou apenas para celebrar Ernesto e Camilo.
Baile pelas milhões de crianças que dormirão nas ruas,
Não sendo nenhuma delas cubanas
Ou para ecoar as palavras de Yoani
Baile sonhando, afinal, lutam melhor os que têm belos sonhos
Baile pelo o que te motivas,
Mas apenas siga bailando
Nesse belo bailado que alterna leveza e dureza
Sin jamás perder la ternura.

... Pero sin perder la ternura

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