Manuella Yasmin
Baiano de São Caetano, região leste de Salvador, Robson Donato da Conceição aos 27 anos entra para a história dos atletas brasileiros conquistando a medalha de ouro na categoria dos pesos ligeiros (até 60 kg) dos Jogos Olímpicos do Rio. De família
humilde e sempre lutando para aumentar a renda, Robson já trabalhou ajudando a vó na feira, vendeu picolé e foi ajudante de pedreiro. Hoje, além de sargento da Marinha do Brasil se tornou o primeiro medalhista de ouro na história do boxe brasileiro!
O campeão chegou!
Aos gritos da torcida, pugilista vence francês e dá ao Brasil
sua primeira medalha dourada no boxe.


Luiz Dórea, o mesmo que treinou Acelino "Popó" de Freitas, Adriana Araújo e Junior Cigano, entre outros, foi quem lapidou a pedra bruta que era Robson da Conceição, que começou tímido, como um menino que não sabia bem onde chegar e se iria
chegar, já que entrou para o boxe para ficar mais “safo” nas brigas de rua que se envolvia no carnaval da Bahia. Com o tempo, Robson foi aperfeiçoado, ganhou disciplina, e percebeu que o que tinha não era apenas talento, e sim um dom.
Sua estreia em olímpiada foi em 2008 em Pequim, onde perdeu na primeira chance que teve de se mostrar ao mundo. Mais tarde, repetiu a derrota em Londres nas Olimpíadas de 2012. Mas não se conformou e em 2013 começou a mostrar pra valer
suas garras e foi vice campeão mundial ficando com a medalha de prata. Perdendo apenas para o cubano Lázaro Álvarez, o mesmo que derrotou na semifinal olímpica no domingo passado (14).
Além disso, ele já conquistou também o Continental de 2015 e ficou com o bronze já nesse ano de 2016. Robson talvez tenha participado da sua última olimpíada, já que recebeu convites para lutar profissionalmente como os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão e Everton Lopes que se tornaram profissionais antes de disputar a Olimpíada em casa. Robson acredita que agora com a medalha no peito, seguir esse caminho será mais fácil. Plantou o amadorismo para colher agora, no momento certo, o bom fruto dourado.
Robson como todos os brasileiros, admirou Rafa Silva, ouro no judô nessas Olimpíadas, e disse que se inspirou nela para continuar almejando essa vitória. “Ela também veio de baixo, da favela, como eu, e nada melhor que tê-la como referência e seguir seu exemplo”. Com fé o pugilista ouve músicas evangélicas nos dias que precedem o combate e também minutos antes de subir no ringue. Ele não é evangélico. Acredita em Deus e usa o poder motivador do gospel para lhe dar
inspiração. Nessa preparação, também costuma se recolher e ficar mentalizando os golpes que o ajudará passar pelo adversário, treinando no escuro quando deitado para dormir. Até mesmo no momento do banho, nosso medalhista não se perde do foco quando fica golpeando a água mentalmente no chuveiro e treinando algumas esquivas. Na última luta se manteve afastado até das redes sócias só entrando depois da vitória em cima do cubano para receber o carinho dos fãs.
Desde os 13 anos se dedicando ao boxe, ele se junta agora ao hall de pugilistas nacionais formado por Servílio de Oliveira (bronze em 1968), Esquiva Falcão (prata em 2012), Yamaguchi Falcão e Adriana Araújo (estes dois últimos, foram bronze em 2012). Com muito foco e fome de conquistas, o lutador com golpes certeiro acertou o primeiro lugar no pódio e deixa de ser o Robson de Salvador e se torna o pugilista do Brasil !!