top of page

Arena Mundo

Eliana Alves Cruz

 

Quem gravita em torno do “planeta esporte” - seja em que posição for - não raro se vê tentado a achar que este mundo faz parte de um universo à parte. O curioso é que poucas atividades humanas podem dar um repertório tão vasto de metáforas para a vida e mais, poucas coisas refletem tão profundamente o que rola na sociedade.

 

Pensem em todas as maiores polêmicas, as enormes 'tretas' por exemplo, ligadas aos Jogos Olímpicos. Grande parte delas tem a questão racial no epicentro do abalo sísmico. Jesse Owens e os nazistas; os ativistas Panteras Negras e o pódio de 68; Muhammad Ali e a medalha atirada no rio (mesmo que não tenha sido provado, o simples “boato” mostra o nível de tensão racial na época); a África do Sul banida pela política do apartheid e por aí vai...

 

Há uma semana entramos no ar com uma proposta de portal simples e, sob certo aspecto, óbvia, mas que nunca fora realizada antes: Contar prioritariamente a história dos negros no esporte. Há duas décadas trabalhando como assessora de imprensa na borda de piscinas, quadras e afins, já forneci informações para todo tipo de mídia. O jornal, o portal, a tv ou o que for da comunidade nipônica, hebraica, italiana, hispânica, etc, etc, etc... mas nunca, em todos estes anos, alguém ligado a uma mídia negra nos provocou, solicitou, clamou... Este fato é especialmente espantoso se levarmos em conta que o Brasil é a maior população negra fora da África. E mesmo nela, só perde para a Nigéria, ou seja, somos a segunda nação negra do planeta Terra.

 

Nada do que disse acima me poupou de ter que - puxando o ar para ver se com ele vem junto a paciência - ter que ouvir nestes poucos dias de Black Sport Club, que “não existe racismo no Brasil”, que “somos todos brasileiros”, “humanos” e outras pérolas típicas do repertório clichê dos que desejam sempre fugir do incômodo tema. Não vamos nos prender aqui a esta discussão, pois - os que verdadeiramente desejam se informar e aprofundar no tema - encontram vastíssima literatura no Brasil e no mundo ao alcance de um clique no Google.

 

Existe uma população enorme carente de representatividade na mídia, de visibilidade e redescoberta dos ídolos, de identificação com as histórias, de motivação para a superação e de falar por si mesma. Estamos aqui para estes e, claro, também para todos os que curtem, se divertem, se emocionam e se inspiram com ele: O bom e velho esporte!

Nossa arena é o mundo

outras

bottom of page