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Arena Mundo

Eliana Alves Cruz

 

Creio que todo mundo sabe que Olimpíada não foi um negócio inventado pelas grandes empresas para vender tênis, sanduíches, cartões de crédito, etc e tal... correto? Errado. Do jeito que a competição existe e é divulgada hoje, muita gente acredita que Jogos Olímpicos são apenas uma “jogada de marketing” ou algo criado para os governos gastarem rios, mares e oceanos de dinheiro. Quantias exorbitantes, que sangram os países e as cidades organizadoras, causando efeitos tão danosos que ofuscam, eclipsam, diluem por completo o sentido da coisa toda.

 

Não podemos culpar os que assim julgam, pois a percepção é que os significados do maior evento do planeta (sim é o maior sob qualquer aspecto. Duração, número de participantes, mídia, grana envolvida, qualquer coisa enfim!) estão aos poucos desaparecendo no meio de uma ritualística altamente mercadológica desde o momento da campanha e escolha da sede até a conclusão de uma edição.

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E no meio disso tudo tem uma carta. Uma missiva chamada Carta Olímpica que é, em sua essência, sem sombra de dúvida, um belíssimo documento. Uma tentativa de puxar a pipa para a terra quando ela voa muito longe do objetivo que a lançou no ar. Um conjunto de regras e condutas para os que fazem parte do Moivmento Olímpico, que fala em igualdade, liberdade, promoção do ser humano e outros valores relacionados aos direitos humanos que nos fazem pensar: “O que pensariam seus idealizadores originais, vendo os Jogos hoje, em 2016?”. Bem, vamos a ela.

A carta

Um pulinho no tempo do Coubertain

 

O barão Pierre de Coubertain era um pedagogo aristocrata do século 19, descendente do rei Fernando III de Leão e Castela, mas essa é outra história. O nobre francês idealizou os Jogos Olímpicos da era moderna à semelhança do que ocorria na antiguidade grega, quando guerras eram interrompidas para que competidores testassem força, velocidade, altura, habilidades e outras coisas mais. Cheio de boas intenções, o barão reuniu um congresso internacional em 23 de junho de 1894, na Sorbonne, em Paris. Nascia aí o poderoso Comitê Olímpico Internacional e, dois anos depois, em 1896, na simbólica cidade grega de Atenas, acontecia com estrondoso sucesso a primeira edição dos Jogos Olímpicos.

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A Carta Olímpica foi publicada pela primeira vez em 1908 e sofre periódicas atualizações, mas algumas regras nela contidas até hoje foram escritas pelo próprio Pierre de Coubertain, em 1896. Afinal, Para o que serve? A Carta é uma espécie de constituição do Olimpismo. Ela possui três propósitos principais: Estabelecer valores éticos, ser um código para definir os direitos e obrigações dos três pilares principais do Movimento Olímpico: o próprio COI, as Federações Internacionais e Comitês Olímpicos Nacionais e o Comitê Organizador de cada edição dos Jogos.

Quais são os principais pontos? Existem inúmeras regras sobre temas específicos espalhados em seis capítulos e 61 artigos (que deixamos o link abaixo em inglês, diretamente o portal do Comitê Olímpico Internacional para quem quiser se aprofundar, pois o português não está com essa bola toda e não existe tradução oficial na língua de Camões), mas vamos nos ater aqui no sumo que norteia tudo: o respeito a dignidade humana, contido em cada um dos seis princípios fundamentais do olimpismo.

Os princípios 4 e 5 são, para nós do BSC, especiais. No final da leitura, apenas reflita e tire suas próprias conclusões...

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Ah! Antes que esqueçamos: O Barão de Coubertain faleceu em 1937 e seu corpo está enterrado em Lausanne, na Suíça, onde está a sede do COI. Mas seu coração está depositado separadamente em um monumento na Grécia, perto das runínas de Olímpia. A frase do Barão que está em destaque no portal do Comitê Olímpico Internacional: “Os Jogos Olímpicos são uma peregrinação ao passado e um ato de fé no futuro”.

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Não percamos a fé, Barão, não percamos!

Princípios Fundamentais do Olimpismo

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1

Olimpismo é uma filosofia de vida que exalta e combina as qualidades do corpo, da vontade e mente. Ao associar o desporto com a cultura e a

educação, o Olimpismo propõe a criação de um estilo de vida baseado na alegria do esforço, valor educacional do bom exemplo e respeito pelos princípios éticos universais fundamentais.

 

2

O objetivo do Olimpismo é colocar o esporte a serviço do desenvolvimento harmonioso do homem, a fim de promover o estabelecimento de uma sociedade pacífica, preocupada com a preservação da dignidade humana.

 

3

O Movimento Olímpico é uma ação concentrada universal e permanente, exercida sob a autoridade suprema do COI, em todas as pessoas e entidades inspiradas nos valores do Olimpismo. Estende-se a todos os cinco continentes e atinge o seu ponto culminando na reunião de atletas do mundo no grande festival do esporte, os Jogos Olímpicos. Seu símbolo é feito por os cinco anéis entrelaçados.

outras

4

A prática do desporto é um direito humano. Todos devem ter a possibilidade de praticar desporto, sem discriminação de qualquer tipo e dentro do espírito olímpico, que exige compreensão mútua, solidariedade e espírito de amizade e fair play. A organização, administração e gestão do desporto devem ser controlados por organizações desportivas independentes.

 

5

Qualquer forma de discriminação contra um país ou pessoa com base em considerações de raça, religião, política, sexo ou de outra forma é incompatível com o pertencimento ao Movimento Olímpico.

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6

Para pertencer ao Movimento Olímpico requer a conformidade com a Carta Olímpico e ter o reconhecimento do COI.

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Carta Olímpica original

https://stillmed.olympic.org/media/Document%20Library/OlympicOrg/Gen eral/EN-Olympic- Charter.pdf#_ga=1.97107544.615161168.1466977445

Barão Pierre de Coubertain

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